Estoicismo, origens e seus expoentes
Conheça essa corrente filosófica gerada na Antiguidade Greco-Romana, uma memorável ferramenta mental em tempos de incerteza e stress.
Parte II de III · Leitura: ± 4 mins
O Estoicismo pode ser entendido como um sistema para prosperar em ambientes de estresse e ensina a encarar a vida sob uma nova perspectiva. Em seu núcleo, a filosofia estoica ensina como separar o que você pode controlar do que não pode e nos treina para concentrarmos exclusivamente no que está sob nosso controle.
O Estoicismo prosperou por alguns séculos e desembarcou em Roma levado por Epicteto, desenvolto filósofo e então escravo. Seu nome em Grego significa ‘O adquirido’. Enquanto Nero liderava império, Epicteto foi libertado e passou a lecionar nas ruas até criar sua própria escola. Acabou expulso de Roma pelo imperador Domiciano mas sua voz se fez ouvir no tempo. Primeiro retomada por Sêneca, nobre intelectual, e finalmente com Marco Aurélio, um dos imperadores mais famosos da Cidade Eterna.
A adoção do Estoicismo como filosofia de vida torna seus praticantes menos emocionalmente reativos, mais conscientes do presente e mais resilientes.
Filosofia e Religião
O declínio das filosofias gregas em Roma se deu com o desabrochar de um novo culto, vindo de uma colônia oriental. Popular entre pregadores, soldados e escravos, o Cristianismo cresceu tanto nos primeiros séculos que foi de seita perseguida à filosofia comum — sendo assimilado pelo Imperador e se tornando religião imperial.
E pelo contato dos escritores cristãos com essa corrente de ideias alguns de nós podem se sentir familiarizados com certos conceitos. A Ética Cristã, por exemplo, é uma das principais heranças estóicas. Outra pista: o evangelho de S. João começa assim: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” O termo Verbo vem do grego Logos (Significado, Razão) — repetido sempre pelos estóicos e seu Universo da Razão.
Paulo de Tarso, ou São Paulo, partiu da Turquia, cruzou a Grécia e conheceu a filosofia estóica em seu caminho para Roma. Trocou cartas com Sêneca segundo historiadores medievais. São Tomás de Aquino, responsável por importante fatia da teologia cristã, reuniu as Sete Virtudes Cristãs baseando-se também nos aprendizes de Epicteto.
O Budismo também carrega traços estóicos, especialmente ao tratar do conceito do Desapego. Mindfulness, prática da moda, tem também paralelos possíveis.
Vozes que ressoam através dos séculos
Alguns importantes pensadores fundamentaram a filosofia Estóica. Apresentamos alguns deles de forma resumida mas convidamos você a seguir aprendendo sobre cada um. Leia sempre os clássicos!
Seneca, 4 A.C., Espanha romana
Intelectual romano, Seneca escrevia e discursava de maneira simples e divertida. Em «Cartas de um estóico» apresenta assuntos relevantes na atualidade, como Amizade, Altruísmo, Mortalidade e o uso adequado do Tempo. Sua mente cristalina levou-o ao maior cargo de um filósofo em seu tempo conselheiro do Imperador.
Epicteto, 55 D.C., Turquia romana
Epicteto (ou ‘O Adquirido’), ex-escravo grego levado para Roma, foi um dos maiores filósofos da História. Seu ‘Manual para a Vida’ (Enchiridion) é direto na conexão teoria-e-prática do Estoicismo.
Epicteto possuía um talento especial para propor suas ideas e tornar O Estoicismo um sucesso ao primar pela adoção dessa filosofia como garantia de uma melhor Qualidade de Vida.
Marco Aurélio, 121 D.C, Roma
O imperador Marco Aurélio foi um dos maiores influenciadores da História humana. Dominou as tentações de um poder sem limites praticando ardentemente o Estoicismo.
Diariamente registrou em suas Meditações O esforço para se manter razoável, sábio e virtuoso. Seus escritos são fundamentais para entender como lidar com situações adversas e stress.
Bibliografia
Muitos links serão deixados para o último post de trilogia. Aqui destaco minha participação num papo com os queridos senhores do UmaConversa Podcast, o melhor podcast católico de 2021 — premiado pela Rede Vida e CNBB.
